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O maior negócio do país
O agronegócio está por trás do processo de desenvolvimento dos países mais avançados do mundo.
A maioria das pessoas que moram nas cidades desconhece a dimensão desse segmento na economia do país. Há na sociedade uma idéia equivocada de que ele serve apenas para produzir comida.
Na verdade, a riqueza de um país vem da agricultura e da pecuária, já que nenhuma nação nasceu industrial. Todas começaram com a agropecuária, desenvolveram os serviços e depois suas indústrias.
Pouco se dão conta, por exemplo, de que, se não houvesse o produtor de cevada para fazer a cerveja, não haveria emprego para o motorista de caminhão que a transporta nem para o operário de fábrica de lata, garrafas, engradados, tampinhas e mesas de bar.
Também não haveria trabalho para o garçom nem para a costureira que faz seu paletó. Muito menos para o publicitário que faz o anúncio da cerveja.
Na Páscoa, quando vemos propaganda daqueles ovos deliciosos, é preciso saber que chocolate não aparece enrolado no pape. Frango também não vem embalado.
Trabalhamos diariamente com papel. Quem planta a árvore que dá celulose? É o agricultor.
Quer dizer, o agronegócio gira em roda de toda a nossa economia. Os automóveis rodam com pneus porque um produtor planta seringueiras, de que se extraí látex para fabricar borracha. A calça jeans tem como matéria – prima o algodão. Sapatos, bolsas, cintos e carteiras existem graças á criação de bois, dos quais sai o couro. Também não haveria roupa íntima nem gravatas sem o cultivo das amoreiras que alimentam as lagartas do bicho – da – seda. Esse é o conceito que tenho procurado trazer para dentro do governo brasileiro.
Precisamos exportar, aumentar nosso superávit comercial e dessa forma fazer uma poupança em dólares.Temos criado condições de desenvolvimento e de investimentos em outros setores fundamentais, como indústria, comércio e serviços.
Mas é a agricultura que tem uma vantagem comparativa imediata.O crescimento da soja, por exemplo, aumenta o horizonte para o biodiesel. Podemos produzir mais 3 milhões de hectares de soja no Brasil só para fazer biodiesel.
Se misturarmos 5% de óleo de soja ao óleo diesel, poderemos reduzir as importações de petróleo e gerar pelo menos 300.000 empregos diretos. Os japoneses já têm leis que autorizam a mistura de até 3% de álcool á gasolina.
Se eles a utilizarem em 15% dos carros, precisarão importar 12 bilhões de litros de álcool, o que exigirá o plantio de outros 4 milhões de hectares de cana – de açúcar. Isso significaria mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos no setor sucroalcooleiro.
Vejamos um exemplo concreto: no fim dos anos 70, a tonelada do suco de laranja valia pouco mais de 600 dólares em razão de uma superoferta mundial. Entre o natal e o Ano Novo, houve uma forte geada na Flórida.
Em quinze dias, o preço do suco subiu para 950 dólares. Aqui, os produtores da paulista Bebedouro, a capital nacional da laranja, já que até então enfrentava uma profunda depressão, começaram a ganhar dinheiro. A primeira coisa que fizeram foi aumentar o salário de seus empregados.
Depois, compraram tratores, arados, grades.Adquiriram também liquidificadores, máquinas de costura, televisão, roupa para a família. Isso gerou uma grande demanda no comércio. Casas foram reformadas, lojas ganharam pintura nova.
Gerou-se emprego para pedreiros, carpinteiros, eletricistas.A prefeitura recolheu muito mais impostos, já que todos passaram a trabalhar e produzir mais.
Os agricultores pagaram o que deviam e depois foram comprar terras nos Estados de Mato grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais.
A agricultura pode produzir isso tudo, além de transferir riqueza para outros setores da economia. Mas, para que esse processo ocorra de forma consistente e sustentável, é necessário abrir novos mercados, exportar mais, fazer uma reforma agrária com modelos adequados de crescimento e conquistar fronteiras agrícolas com tal respeito ao meio ambiente e à biodiversidade.
Esse é o nosso desafio.
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